2009

Tu, que trouxeste um cancro sem pedir licença e me mergulhaste nos dois meses mais difíceis de sempre. Tu, que me viste sentir-me impotente para a ajudar e chorar - sozinha - de desespero. Tu, que me sentiste gelar de medo e me ensinaste que a vida é precária. Tu, que me provaste que não há noite tão longa que não veja o Sol nascer. Tu, que me despertaste de um pesadelo para me fazer viver um sonho. Tu, que me viste viver a adrenalina do jornalismo durante quatro meses e me mostraste o que quero fazer para o resto da vida. Tu, que me deste a conhecer grandes profissionais e me sentiste feliz na Torre das Antas. Tu, que me fizeste viver um Verão para recordar e transformaste Amarante, Lisboa e o Algarve em palcos de grandes memórias. Tu, que me viste deixar de ser estudante, arrumar o meu traje e começar a trabalhar. Tu, que elevaste a saudade e a nostalgia ao expoente. Tu, que me viste usar gabardine e saltos altos e ter reuniões com chefes todas as semanas. Tu, que me ensinaste o significado de rotina e de vazio. Tu, que trouxeste discussões e ditaste o fim de velhas histórias. Tu, que me quiseste feita de pedra e me fizeste esquecer de como chorar. Tu, que me mostraste que uma hora de Body Combat cura quase tudo. Tu, que provaste que as amizades sobrevivem à distância, quando há vontade. Tu, que me obrigaste a procurar novos motivos de interesse numa semana e fizeste das noites de sexta-feira o refúgio de dias difíceis. Tu que foste uma prova de fogo para os meus vinte e um anos. Tu, que me ensinaste - como nenhum outro - que viver é ter que lutar, a cada dia, pelo lado bom da vida. Tu, - pelo mau e pelo bom -, longo e inesquecível dois mil e nove.