A calçada irregular serve de cenário ao vaivém constante. As paredes desgastadas e (tantas) vandalizadas contam, a quem a queira ouvir, a história de uma Cedofeita que se perdeu no tempo e, ainda assim, soube sobreviver. Muitos - quase todos - passam perfeitamente indiferentes. Eu não. A minha Cedofeita guarda histórias de vida e é grandiosa em memórias. Esconde os ecos dos desabafos e das gargalhadas e consegue, como nenhuma outra, transportar-me para um caleidoscópio de imagens que me aquecem o coração. Subitamente, quase posso jurar que ainda nos vejo numa correria desenfreada pela noite cerrada, com medo mas perdidas de riso, a sermos donas do mundo. Ou a nós. Os dois. Encasacados e a bater o dente. Inebriados num momento que nos escapou por entre os dedos. Ou a ti, a mostrares-me que não há noite tão longa que não veja o Sol nascer. E, no fundo da rua, a multidão embriagada. De alegria e bom viver.
O burburinho de quem passa desperta-me do meu transe. É uma da tarde. Não há correrias desenfreadas, noite cerrada, pessoas encasacadas ou multidões embriagadas. Só um vaivém constante. De gente que passa, indiferente à magia de uma Cedofeita que é eterna. Eu não. A minha Cedofeita é um caleidoscópio de tudo o que nunca quero esquecer.
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A minha também*
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